Estima-se que no Planeta existam cerca de 8,7 milhões de espécies de animais e plantas (FAPESP). Os seres humanos têm impactado a natureza de maneira tão grave que, atualmente, cerca 1 milhão dessas espécies, ou seja, o percentual absurdo de 11% correm risco de extinção. Essa é uma das conclusões do relatório da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, publicado pela ONU no dia 6 de maio. O documento foi elaborado durante os últimos três anos por 145 especialistas com base em uma série de estudos científicos, e representa a avaliação mais abrangente sobre o declínio da biodiversidade no planeta e seus riscos para a população humana até o momento.
Segundo o relatório, atividades de exploração direta do ambiente como agricultura, extração de madeira, caça, pesca e mineração estão entre as principais causas que impulsionaram as mudanças nos ecossistemas e a queda da biodiversidade nos últimos 50 anos. Além disso, foi observado que as emissões de gases de efeito estufa dobraram de intensidade desde 1980, elevando as temperaturas globais em pelo menos 0,7 grau Celsius. Portanto, se os impactos decorrentes da mudança climática continuarem aumentando nesse ritmo, deverão superar aqueles causados pela mudança do uso da terra e do mar.
A poluição também foi apontada como um dos fatores responsáveis diretamente pelas mudanças na natureza. De acordo com o documento, a poluição marinha por plásticos aumentou dez vezes desde 1980, afetando pelo menos 267 espécies, incluindo 86% das tartarugas marinhas, 44% das aves marinhas e 43% dos mamíferos marinhos.
Essa perda de biodiversidade e o comprometimento dos ecossistemas vão dificultar o cumprimento de 35 das 44 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mais precisamente, os relacionados com a pobreza, a fome, a saúde, a água, as cidades, o clima, os oceanos e a terra. Os ODS são uma série de metas globais interconectadas e estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) para lutar pela proteção do planeta e das pessoas. Controlar a perda de biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica, de desenvolvimentismo, de segurança social e moral.
Apesar de tudo, ainda há tempo de mudar os rumos dos atuais modelos de desenvolvimento que colidem com a conservação da natureza. O relatório reconhece a importância de incluir diferentes sistemas de valores e interesses diversos na criação de políticas e ações para reverter o problema. Isso inclui a participação efetiva das comunidades locais no governo, assim como a reforma e o desenvolvimento de estruturas de incentivo, garantindo que a biodiversidade seja a prioridade em um planejamento que envolva todos os setores.
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