Mais do que uma homenagem ao solo, organismo vivo, o Instituto Curicaca questiona hoje o manejo da terra, programas de conservação, o pequeno agricultor e a indústria bilionária dos agrotóxicos, tão nocivos para a existência humana.
No final do ano passado, o Estado lançou o programa Estadual de Conservação de Solo e Água. Falou-se muito em rentabilidade agrícola, capacidade produtiva da terra e fertilidade dos solos. Entretanto, a questão fundamental está justamente nas práticas ou na falta de práticas que priorizem a conservação do solo integrada ao desenvolvimento econômico na agropecuária. É imprescindível nos campos de hoje, emergentes do desmatamento ilegal e destinados, em sua maioria, para o plantio de soja transgênica ou para a pastagem do gado, políticas de regulamentação, fiscalização e acompanhamento. A agricultura precisa de orientação para a conservação do solo. O manejo do solo depende de práticas agrícolas realizadas com consciência e integradas às pesquisas da comunidade científica.
O uso de defensores químicos na agricultura brasileira é outra problemática social. Além de intoxicar rios, a produção e o comércio de pesticidas financia uma cadeia industrial. Isto é, enquanto movimenta bilhões de dólares aos empresários, adoece agricultores e consumidores (SUS 2011), a indústria do agrotóxico recebe isenções fiscais do governo (isenção de 60% do ICMS, isenção total do PIS-Pasep e da Cofins) e ainda contribui para a degradação do meio ambiente.
O dia de hoje permite que nos posicionemos como questionadores das práticas agrícolas do nosso país. Qual lugar nós ocupamos nesse sistema? A fronteira entre as cidades e o campo não deveria nos distanciar das questões - direitos e deveres – de preservação e conservação do solo.
Em meio a tantos desafios emergentes, o dia do solo nos remete a compromissos antigos com a sua conservação. Nosso dia a dia, ainda carrega práticas agrícolas, as Áreas de Preservação Permanente tem sido reduzidas, a legislação ambiental, que também protege o solo, vem sendo flexibilizada. É hora de por os pés na terra e pensar um pouco em como reverter tudo isso.
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