No artigo “The Ethics of Adaptation to Global Warming”, a filósofa Kathleen Dean Moore, escritora ambiental e professora da Universidade de Oregon, critica as resoluções caras e insuficientes que algumas cidades estadunidenses têm proposto para lidar com o cenário catastrófico do Aquecimento Global até 2025. Para o Instituto Curicaca, o alerta é de extrema importância, pois antecipa um risco muito grande de crescerem também no Brasil abordagens estruturais de minimização de impacto. Isso deslocaria para obras de contenção e para empresas de engenharia um esforço precioso que deve ser alocado na redução das emissões de CFCs.
Ela afirma que esses planos de adaptação às mudanças climáticas não alteram o hediondo quadro mundial da queima de combustíveis fósseis, não despertam na sociedade uma consciência de preservação dos recursos naturais, mas direcionam a sua aceitação perante os prejuízos do aquecimento global, além de comprometerem financeiramente e evolutivamente as gerações futuras e de segregarem as sociedades menos favorecidas, sem condições econômicas de investir em infraestrutura de adaptação.
A escritora, especialista em temáticas ambientais, aponta a fala do presidente e CEO da petrolífera Exxon Mobil -“Assim como as espécies... Nós temos vivido toda a nossa existência se adaptando, portanto, adaptemo-nos a isso também.”- para questionar se outras espécies, além da humana, se adaptariam aos planos. Kathleen oferece cinco questionamentos éticos que devem ser feitos às propostas de adaptação às mudanças climáticas, considerando em seu último apontamento talvez a principal questão da humanidade que sofre e provoca a maioria dos desastres ambientais: O que o planeta Terra pede para nós? E responde: Planos de adaptações esperam mudanças da Terra, mas não propõe nenhuma modificação à conduta dos humanos.
Entendemos que uma sociedade vestida de consertos não preenche as lacunas socioambientais com soluções densas e eficazes. Os grandes empresários, as indústrias ricas enquanto poluidoras, o agronegócio, os fenômenos da revolução tecnológica e as gerações que atuam nesse cenário devem carregar em suas intenções fundamentais, o pedido de urgência que a Terra faz: parem de poluir, não se adaptem a isso, revertam isso!
Fonte da imagem: www.cpeaunesp.org
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