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Foto do escritorinstitutocuricaca

A América conversa em Workshop sobre Conservação e Manejo de Habitat para Aves Limícolas

A recente imersão do Instituto Curicaca no monitoramento de aves Limícolas migratórias de praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul foi motivo do convite para a ONG contribuir com sua experiência no primeiro Workshop de Ecologia Conservação e Manejo de Habitat para Aves Limícolas, no Município de Mostardas/RS. O evento foi organizado pela SAVE Brasil e a Manoment, nos dias 29 de fevereiro até 02 de março. Em companhia de professores universitários, administradores costeiros, biólogos, estudantes graduados, usuários e proprietários locais, a ONG Curicaca discutiu as ameaças sobre a população e o habitat das aves costeiras, as estratégias de migração e reprodução, iniciativas de conservação e o manejo dessas áreas, bem como foi a campo para aperfeiçoar a observação e o registro do comportamento das Limícolas.


O cenário contemplativo dessas aves é preocupante. Segundo dados da Rede Hemisférica de Reservas para Aves, espécies como o maçarico-de-papo-vermelho e o maçarico-acanelado vêm sofrendo drásticos declínios populacionais nos últimos 20 anos. Durante seus voos anuais, as Limícolas migratórias percorrem todo o continente americano - o maçarico do papo vermelho, por exemplo, migra 15.000km entre o ártico Canadense e a Patagônia Argentina- sendo a Lagoa do Peixe uma área-chave para repouso e alimentação.


Os habitats por onde estas aves se deslocam pelas Américas devem estar incorporados em planos de manejo e iniciativas de conservação, por parte dos administradores das Unidades de Conservação, atrelados à pesquisas da comunidade científica e à conscientização da população usuária. Logo, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe tem papel fundamental na preservação das aves Limícolas, pois, além de ser uma região rica em diferentes habitats e paisagens, o que propicia o desenvolvimento do alimento das aves, é uma das principais áreas de invernada da América do Sul, como também abriga outras espécies de aves ameaçadas de extinção. Para a Alexandre Krob, coordenador técnico do Curicaca, é necessário adotar estratégias de corredores ecológicos, onde outras Unidade de Conservação ou áreas naturais não protegidas tenham importante papel para repouso e alimentação das aves durante a migração. Para algumas espécies, por exemplo, a praia em frente ao Parque Estadual de Itapeva, em Torres, que é estudada pela ONG, pode ter tal importância.


Entre as estratégias de manejo foram levantadas a questão do fechamento da faixa de praia para o trânsito de veículos e o investimento em educação ambiental para a população usuária do Parque. A perturbação humana interfere diretamente na redução de aves migratórias nas praias do Cassino e do Hermenegildo, dado que a presença humana gera perturbações diretas sobre as aves migratórias, que acabam se desgastando em movimento errante para se distanciar do humanos, enquanto deveriam estar acumulando energia para a jornada seguinte. Constatações como essa já foram feitas pelo Instituto Curicaca para a Praia de Itapeva, na qual a ONG propõe o controle do trânsito de veículos e iniciativas que aproximem as pessoas da natureza, ao invés de mantê-las presas aos carros e ao som perturbador, condicionadas ao consumo e geração de lixo. Felizmente, parte do trecho de praia no litoral sul do Rio Grande do Sul já foi fechado para o trânsito de veículos particulares e espera-se que outras ações como esta sejam tomadas para outras regiões.


Com o apoio do  Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE) do ICMBio e dos representantes das UCs da PARNA Lagoa do Peixe e da ESEC Taim, o workshop contou com a presença de participantes dos Estados Unidos, Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai. Ultrapassado o desafio da língua, o grupo está atento a ações sólidas de preservação dessas aves "nômades". Mais do que uma oportunidade de discutir, mesmo que entre os obstáculos das nacionalidades distintas, e aprender sobre conservação de aves limícolas, o workshop despertou a necessidade de estabelecer grupos de monitoramento e fortalecer uma rede de discussões entre as reservas de aves do Ocidente para receber as Limícolas por toda a América ao longo dos próximos anos, mitigando os riscos de extinção.

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