O que você gostaria de ganhar no Natal? Há pedidos de todos os jeitos, dos mais singelos e emotivos aos mais absurdos e consumistas, e há também quem diga que a criação da Reserva Biológica do Banhado do Maçarico seja o nosso presente de Natal. A área, com enorme relevância em biodiversidade, foi reconhecida como um local prioritário para a criação de uma Unidade de Conservação há um bom tempo. A espera vinha sendo dolorosa, porque enquanto o ambiente permanecia sem proteção avançavam as ameaças sobre a biodiversidade.
Em abril de 2007 o Instituto Curicaca articulou uma demanda multi-institucional ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio – para que fosse criada uma Unidade de Conservação de proteção integral na região. O pedido destacava que a área é nascente do Banhado do Taim, de importância biológica extremamente alta, uma lacuna de conservação no litoral do Rio Grande do Sul, vital na conservação de aves no Brasil, especialmente para ameaçadas de extinção e para as migratórias. O pedido também já apontava as fortes ameaças à área, como o plantio de espécies arbóreas exóticas, queimadas sistemáticas das turfeiras, avanço de empreendimentos eólicos, sobrepastoreio pelo gado e contaminação por agrotóxicos.
A solicitação gerou um processo na Coordenação Regional 9, em Florianópolis, e para avaliá-la foi destinada uma equipe técnica, que visitou a região e detalhou a proposta, inclusive com limites. A ONG vinha demandando que a criação fosse efetivada, mas foi da Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul que nasceu a criança. Contribuiu a atuação do Ministério Público Estadual, que acelerou o processo ao vinculá-lo como medida associada à irregularidade no licenciamento ambiental de empreendimento. Então, no dia 11 de dezembro, por portaria, uma área de 6.253 hectares, no município de Rio Grande (RS), foi destinada a ser Reserva.
Infelizmente, a demora ou desdém do ICMBio em criar a área protegida gerou sequelas complicadas. A Reserva já nasceu cercada por um enorme Parque Eólico, licenciado pela FEPAM desconsiderando a intenção federal de criar uma Unidade de Conservação ali. Também ficou cruzada por uma estrada de acesso ao parque eólico, que acabou dividindo-a em duas porções.
Mas o que importa agora, é que estamos muito felizes com a notícia e agradecidos ao biólogo Luís Fernando Perelló, diretor geral da Sema, e que carregou a frente a proposta, assim como ao Eduardo Vélez, ao Giovanni Maurício, ao Glayson Bencke e ao Henrique Ilha, pesquisadores que ajudaram a concretizá-la. Agora é se “abraçar com unhas e dentes” na Reserva e colocá-la pra funcionar, obrigação do novo governo que entra.
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