O Projeto de Conservação e uso sustentável do Butiazal do Coatepe, que começou a convite da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), atua na região da Campanha, fronteira oeste do Rio Grande do Sul, mais precisamente no Palmar do Coatepe, em Quaraí. O butiazal da área está dividido em duas comunidades: Salsal e Coatepe, onde a pecuária extensiva é ainda forte e resistente às monoculturas. As interações entre pecuária e butiazais na região são ainda pouco conhecidas e o desafio de encontrar harmonia ecológica é instigador para buscarmos formas de manejo sustentável na pecuária.
O palmar é dominado por indivíduos altos e antigos, com idade estimada de mais de 200 anos. Esse é o indicador da problemática ecológica, a população não está se renovando. Ou seja, os butiazeiros vão morrendo, caindo devido a tempestades e não existem indivíduos jovens que os possam substituir. No médio e longo prazo, caso não se consiga uma renovação e o palmar continue decrescendo, chegará a extinção. Por si só, um enorme prejuízo, que ainda carregaria um grande impacto para os animais silvestres que se alimentam de seus frutos, como a ema, o zorro, o jacu e uma série de outras aves e roedores que a todo o momento avistamos na área.
O que foi constatado com as pesquisas até o momento é que as sementes germinam e produzem plântulas, o que significa dizer que a população é viável. Porém, na grande maioria das áreas há uma dificuldade para que as plântulas se desenvolvam e não são encontrados indivíduos jovens. As causas estão sendo investigadas. Quase sempre as plântulas estão pastejadas, seja em propriedades com criação de ovinos, bovinos ou equinos. Vestígios de queimadas são encontrados em quase todas as propriedades. Outros fatores estão sendo avaliados, como a carga animal, a frequência de uso do fogo, tipo de solo e condições geomorfológicas que possam ajudar a explicar a única área encontrada até o momento com diferentes estágios de crescimento da população.
Nessa cooperação, Instituto Curicaca, Fundação Luterana de Diaconia e moradores locais, com a parceria da UFRGS, estão também iniciando testes de isolamento de algumas áreas e controlando a herbivoria. São pequenas parcelas, cedidas pelos proprietários, onde o experimento ocorre sem causar interferência produtiva na propriedade. As áreas serão monitoradas nos próximos anos e a evolução comparada com áreas sem cercamento. Mais informações em www.curicaca.org.br e www.fld.com.br.
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