Já está em andamento o projeto “Conservação do sapinho-verde-de-barriga-vermelha Melanophryniscus admirabilis: estudo de ecologia populacional, biologia reprodutiva e genética da conservação”. A iniciativa, realizada pelo Instituto Curicaca em parceria com o Laboratório de Herpetologia da UFRGS e financiada pela Fundação O Boticário, visa usar uma abordagem integrada de ecologia e genética para responder às questões mais emergenciais de conservação deste microendêmico e ameaçado anuro e, a partir disso, subsidiar a elaboração de uma proposta de criação de uma Unidade de Conservação.
Nos trabalhos de campo entre os dias 5 e 8 de outubro, as biólogas Michelle Abadie e Valentina Zaffaroni estiveram gravando a vocalização do sapinho. O canto dos anuros é espécie-específico, ou seja, cada espécie de anuro tem um canto único, diferente de todas as outras espécies. Em dezembro de 2014, a descrição do canto será apresentada no "X Congreso Latinoamericano de Herpetología", a realizar-se na Colômbia.
Os sapinhos do gênero “Melano” e a situação do admirabilis
Os sapinhos-de-barriga-vermelha, do gênero Melanophryniscus, ocorrem exclusivamente na América do Sul, distribuindo-se desde a Bolívia e Espírito Santo (Brasil), ao norte, até o Uruguai e nordeste da Argentina, ao sul. Para a maioria dessas espécies inexistem estudos de história natural, de distribuição geográfica e de ecologia populacional, o que dificulta uma refinada avaliação de seu status de conservação.
Melanophryniscus admirabilis é uma espécie criticamente ameaçada e endêmica de apenas uma localidade. Esse anfíbio habita aproximadamente 700 m ao longo das margens do rio Forqueta, no Perau de Janeiro (Arvorezinha, Rio Grande do Sul), em um vale estreito, limitado por encostas íngremes. Os indivíduos de M. admirabilis utilizam como sítio reprodutivo pequenas poças formadas nas margens rochosas e a disponibilidade dessas poças varia periodicamente, dependendo do nível do rio.
As ameaças geradas pela perda de qualidade do hábitat, associadas às pressões sobre os adultos reprodutivos (como o pisoteio de turistas e de gado e a captura ilegal dos indivíduos), por si só geram uma fragilidade extrema à única população conhecida da espécie. Recentemente foi indeferida a licença de implantação de uma hidrelétrica, que agravaria ainda mais sua situação, podendo levá-la à extinção.
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