Os tempos estão mudando. E os ventos apavorantes que sopram do aquecimento global e da pandemia surgem diretamente do desrespeito à natureza, é o que a ciência nos mostra claramente. Vêm de valores arcaicos, machistas, patriarcais, racistas, homofóbicos, xenofóbicos, presentes em grupos hegemônicos que frequentemente detém o poder político, econômico e midiático. São resistentes a mudanças, negacionistas, e assim teimam em não reconhecer a importância da conservação da biodiversidade e do trabalho daqueles que dedicam a vida à essa causa de bem comum.
Torres, não diferente de tantas outras cidades desse grande Brasil, tem muito a ver com isso. A natureza é considerada um inimigo para alguns grupos, de poucos e poderosos membros. Ela tem apenas valor servil circunstancial quando é interessante vende-la aos turistas ou a Unesco na forma de geoparque. De fato, nas alcovas do poder, trata-se de um elemento indesejável às intenções desenvolvimentistas. E nessa mira, desde 2002, quando foi criado, está o Parque Estadual de Itapeva. A joia que ora brilha ora fede, conforme a ocasião e o interlocutor.
Novamente nos deparamos com um ataque setorial ao parque e aos seus gestores, Paulo e Danúbia. Filme já visto em 2017, quando alguns políticos locais tentaram removê-los da chefia dessa área protegida, mas foram mal-sucedidos. Naquela época, a então Secretária Estadual do Meio Ambiente entendeu, pelos argumentos dos defensores da Unidade de Conservação, que se tratava de uma perseguição política que traria enormes prejuízos. Tendo permanecido, Paulo e Danúbia, com a ajuda do conselho e parceiros, conseguiram consolidar a regularização fundiária (foram milhões injetados na economia local), elaborar um plano de uso público que trará benefícios socioeconômicos aos empresários e moradores locais e revisar o plano de manejo para melhor proteger o parque e a sustentabilidade e qualidade de vida regional. Vejam bem, tudo isso estaria perdido se o golpe desse certo.
Quais os motivos dessa perseguição? Devem se perguntar pessoas alheias à trajetória deste parque. Bem, sinteticamente, trata-se da resistência que certas pessoas e grupos têm em respeitar a legislação ambiental e adotarem medidas que garantam a integridade do parque e da biodiversidade e serviços ambientais nele protegidos. Objetivamente, trata-se de pôr os interesses pessoais e corporativos na frente dos interesses comuns da sociedade. E nisso, não contam nem com o Paulo e nem com a Danúbia, cujos compromissos estão focados na integridade do parque e nos benefícios sociais que ele deve trazer e na observância da legislação.
Felizmente, embora estejam em posições de poder, essas pessoas e setores são minoria. São como um bando de aracuãs, que faz um enorme alarido no final da tarde, para em seguida sumirem em meio a imensidão tranquila e sapiente da floresta. E a floresta, nesse caso, é o Conselho do Parque de Itapeva, que ouviu as reclamações e a tentativa de golpe e reagiu com solidez, segurança e celeridade em defesa dos gestores e da Unidade de Conservação e da qualidade de vida e da identidade e singularidade paisagística de Torres. Uma manifestação unânime, contundente e fundamentada foi redigida a muitas mãos e enviada ao Secretário Estadual de Meio Ambiente, ao Ministério Público Estadual e em resposta aos perseguidores. O que se pede e espera é mais uma vez o respeito e coerência praticados anteriormente e que a Sema haja firmemente contra as injustiças e mentiras jogadas contra os gestores, apoiando-os. Foi isso mesmo que o Diretor de Unidades de Conservação, Luciano Kops, disse ao conselheiros: “se vocês assim entendem, sairemos na defesa dos gestores”.
Estão curiosas e curiosos? Indignados e Indignadas? Leiam o manifesto que pode ser baixado em pdf ao final desse artigo.
Gostaríamos de destacar, ao fim, que assim como fazemos desde 2002, também com os mesmos atores detratores, estamos a disposição como parceiros na busca de iniciativas econômicas inovadoras, criativas, sustentáveis, promotoras de inclusão social, como muitos torrenses sabem e são testemunha. Se toda a energia que é voltada por alguns contra o parque e seus gestores fosse direcionada para os objetivos acima desde há 20 anos, quando a Unidade de Conservação foi criada, ela já teria se tornando um polo concreto de ecoturismo estadual e nacional, com todos os benefícios decorrentes, promovendo qualidade de vida, experiências e distribuição de renda que a categoria Parque pode catalisar. Reforçamos o compromisso de estarmos sempre aliados a essas perspectivas. Assim como todos, também queremos uma Torres MELHOR e não maior!
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