Instituto Curiaca realiza vistoria no monitoramento do atropelamento de fauna da Reserva Biológica da Mata Paludosa e constata que os resultados preliminares apontam pra uma alta mortandade de anfíbios, algo incompatível com a finalidade da UC, e que algumas medidas precisam ser aperfeiçoadas para que o estudo responda à perguntas de conservação. Uma reunião realizada com a gestora Agr. Fernanda Schmitt relatou as necessidades identificadas. O tema deverá ser pauta da próxima reunião do Conselho, dia 7 de dezembro.
Há cerca de 15 anos a ONG foi protagonista na demanda de estruturas que reduzissem o atropelamento de fauna no trecho em que a Rodovia Rota do Sol cruza a reserva. Na época, o acordo com o IBAMA e o DAER previa a instalação de passagens de fauna subterrâneas e aéreas, controle para redução de velocidade, sinalização e cercamento direcionado para as passagens. As medidas, mesmo que parcialmente implantadas, foram a primeira iniciativa concreta no Rio Grande do Sul com essa finalidade.
Estudos têm demonstrado que as passagens subterrâneas são funcionais para muitas espécies, mas a função da cerca foi questionada e nunca foi implantada. Da mesma forma, o controladores de velocidade ora funcionam ora são desativados. Esses impasses abriram uma outra rodada de negociação com o DAER que resultou num novo monitoramento com foco em anfíbios. Nessa semana, a equipe da consultoria contratada pelo DAER realizou a segunda amostragem mensal das seis que estão previstas na primeira fase e foi acompanhada pelo Curicaca, que além de ter envolvimento direto é também conselheiro da UC.
A operação é bastante complicada, principalmente pela interação com o trânsito, já que os pesquisadores necessitam caminhar pela pista ao entardecer e ao amanhecer em dois trechos de 1 km. O trânsito é interrompido por períodos que variam de 10 a 30 min. A falta de informações ao público que deveria ser dada pelo DAER e pela UC acabam ampliando os conflitos e isso precisa ser sanado. Além disso, as armadilhas que deveriam capturar os anfíbios que conseguiram cruzar estão sendo roubadas da beira da estrada.
Independente das dificuldades, que são inerentes e serão solucionadas, os estudos deverão comprovar que a estrada e o atropelamento são um gravíssimo problema para a efetividade desta Unidade de Conservação. Espera-se que dentro de cinco meses, quando os estudos serão finalizados, o DAER implemente as medidas que ainda não foram aplicadas. Enquanto isso, é urgente que os "pardais", que controlam a velocidade no trecho, sejam consertados. A sinalização na pista que indica a velocidade de 40km/h, bem como as placas que indicam a presença da UC e de espécies na pista, também precisam ser refeita. Uma formalização sobre a situação será enviada à UC, ao DAER e à Juíza que acompanha o processo.
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