A gripe aviária H5N1 está atingindo agora lobos e leões-marinhos na porção extremo sul da costa brasileira, onde estabelecem colônias nos refúgios de vida silvestre Ilha dos Lobos e Molhe Leste. Em menos de um mês, centenas de animais chegaram mortos ou em sofrimento às praias de RS e SC. Os casos em aves migratórias tinham iniciado em junho na Estação Ecológica do Taim e agora na Lagoa do Peixe.
Há tempos acompanhamos com apreensão o avanço na América do Sul, desde o Peru, quando morreram centenas de leões-marinhos e milhares de aves marinhas. Sem minimizar a necessária preocupação com aves comerciais e saúde humana, precisamos de gestão de impactos nas aves e mamíferos silvestres e na redução do sofrimento animal. Falta um maior protagonismo dos órgãos ambientais estaduais.
Não temos conhecimento de uma portaria nem nos Estados e nem na União formalizando uma comissão ou grupo de trabalho interdisciplinar de gestão de crise. No Rio Grande do Sul, seis Unidades de Conservação estaduais têm confluência com territórios de concentração de aves migratórias e pinípedes, mas não existe um plano de monitoramento e contingência para as áreas. Em Santa Catarina não é diferente. A responsabilidade ficou com SEAPI e CIDASC, da pasta de agricultura.
Medidas rápidas como isolamento, avisos e enterro de carcaças reduziriam os riscos de alastramento da doença. E é preciso um monitoramento contínuo, eficaz e estratégico. A disponibilidade de equipamentos de proteção individual - EPI -, maquinário, recursos de custeios e pessoal está faltando às prefeituras, embora o MAPA anuncie milhões ao problema..
Cães e aves carniceiras estão atacando os animais vivos moribundos na praia. É preciso ação imediata para reduzir o sofrimento. Isso também é maus tratos, já que os cães têm tutores ou são responsabilidade da municipalidade.
O ICMBio vem sendo mais ativo nas áreas protegidas federais, com apoio do CEMAVE e CMA aos gestores. O REVIS Ilha dos Lobos faz tempo mantém-se em alerta, mas ainda evita sua responsabilidade com animais da ilha que chegam à praia, o que não tem lógica.
Como podemos melhorar?
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