Há uma grande preocupação em torno da ampliação da Free Way devido à possibilidade de atropelamento de fauna. Com a construção da quarta pista estão sendo instaladas muretas de divisão entre as vias e isso impossibilita a travessia dos animais. A estrada foi construída na década de 1970, quando os conhecimentos sobre o impacto do atropelamento de animais silvestres eram poucos e desconsiderados. “Hoje existem medidas preventivas que são incluídas no planejamento de novas rodovias, como passagens de fauna, cercas direcionais, sinalizações aos motoristas nos trechos mais críticos, geralmente acompanhadas de monitoramento”, explica Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca.
A denúncia do problema foi feita à Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEADES) pela Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí (APNVG) na última reunião da APA do Banhado Grande, que ocorreu no dia 2 desse mês. Os conselheiros pediram à gestora da Unidade de Conservação que notificasse a concessionária para apresentar a licença do empreendimento e um relatório com as medidas que serão tomadas em consideração à biodiversidade que habita os arredores da rodovia. “Com a barreira, os animais atravessam a rodovia até a metade, são barrados e retornam desatinadamente, aumentando muitas vezes as chances de serem atropelados”, complementa Krob.
Também foi pautada na última reunião a questão do licenciamento de linha de transmissão de energia de alta tensão vinda de um parque eólico em Palmares até uma subestação em Viamão, a qual atravessaria os banhados da APA. O PROCERVO (Programa de Conservação do Cervo do Pantanal no Rio Grande do Sul) já havia se manifestado ao Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pacheco acerca dos riscos que tal empreendimento acarretaria à vida dos cervos-do-pantanal. O Instituto Curicaca (coordenador do PROCERVO), já havia listado em um ofício quais os riscos apresentados pelo projeto e dentre eles encontram-se: o corte de corredores ecológicos que garantem a ligação entre os animais, o qual é indispensável para garantir a relação e consequente preservação dos mesmos; as mudanças previstas a serem realizadas na vegetação, que serão feitas sob a linha de transmissão, as quais tornariam a área acessível aos caçadores.
Há outras problemáticas associadas que colocam em grande risco os já ameaçados cervos-do-pantanal. Além disso, o licenciamento está sendo feito sem Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e isso não é aceitável para um empreendimento desse porte dentro de uma Unidade de Conservação. O conselho, bastante preocupado com os banhados e o cervo, decidiu que precisa de melhores esclarecimentos sobre o empreendimento e seus riscos e que, por enquanto, não é possível que a APA dê anuência para o licenciamento. Uma apresentação detalhada da situação ficou prevista para a reunião que ocorrerá em abril.
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