Representantes de diversas instituições discutiram durante dois dias, em oficina realizada em Porto Alegre, quais seriam as diretrizes propostas para o manejo sustentável do pinhão orgânico. O evento, que ocorreu nos dias 26 e 27 de março, reuniu cerca de vinte pessoas entre representantes de órgãos públicos do meio ambiente e extensão rural, agricultores, pesquisadores, universidade e ONGs.
O Instituto Curicaca vem colaborando com Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (IA-RBMA) no processo de construção destas diretrizes, que serão decorrentes da integração dos resultados das oficinas realizada no Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. A próxima será na cidade de Cunha, nos dias 11 e 12 de abril. O IA-RBMA reunirá as ideias comuns para a criação de um documento que será enviado ao Ministério do Meio Ambiente, colaborando, assim, com a determinação de como se dará a coleta e comercialização orgânica do produto. As propostas que não forem consenso entre os três encontros, deverão ser apontadas no documento, mas não servirão como diretrizes propriamente ditas.
A falta de informações sistematizadas sobre a ecologia do pinhão e sua interface com o manejo da espécie preocupou os participantes da oficina. Diversos estudos já foram realizados, entretanto, falta convergência entre eles para que haja subsídios a uma normativa para o manejo sustentável da espécie. No âmbito dos conhecimentos tradicionais, a situação é ainda pior, e a metodologia e prazos definidos pelo edital do projeto não são capazes de dar conta dessa necessidade prévia. O encontro de Porto Alegre apontou a necessidade de sistematização dos estudos, da realização de pesquisas e, por fim, da união destes aos conhecimentos tradicionais existentes para uma melhor tomada de decisões.
O encontro também foi interessante por possibilitar a rearticulação de atores públicos e privados que vêm trabalhando com o pinhão. O Curicaca, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), discutiu a inserção do tema manejo sustentável de produtos não madeiráveis na realização do Seminário Sul - brasileiro de Floresta Sustentável. Além disso, foi definida uma ação conjunta com a Emater para o melhor conhecimento da cadeia produtiva do pinhão, que será feita através da coleta de informações pelos extensionistas que atuam nos municípios gaúchos com florestas com araucária.
O uso sustentável do pinhão é de grande importância por estar diretamente ligado à conservação da floresta de araucárias, espécie ameaçada de extinção, e também à salvaguarda da cultura ou etnoconhecimento das populações associada à floresta. A iniciativa está alinhada com as diretrizes de atuação do Instituto Curicaca direcionadas para a valorização da interdependência entre natureza e cultura.
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