“Como proteger os butiazais do extremo norte da planície costeira do RS e valorizar o artesanato associado?”, esse é o questionamento que está orientando o programa de Conservação e Uso Sustentável dos Butiazais do Instituto Curicaca, que iniciou em 2003. Nas últimas etapas, foram realizadas duas oficinas, uma em Porto Alegre, no dia 29 de junho, e outra em Torres, litoral norte do RS, no dia 27 de junho. As atividades apresentaram os resultados da iniciativa alcançados até agora e proporcionaram espaço para troca de experiências e propostas de ações.
Além de promover a conservação do ecossistema butiazal no litoral norte gaúcho, o programa agrega outros objetivos, como a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial dos saberes sobre o artesanato tradicional com a palha. Em Torres, por meio da oficina, foi possível, entre os membros da comunidade local, o debate sobre as iniciativas efetivamente importantes para serem implementadas com o objetivo de conservar os butiazais.
As famílias apontaram, como uma das causas de degradação do ecossistema, os impedimentos burocráticos e legais para o manejo sustentável das folhas. A população mostrou-se receptiva a procedimentos que estabeleçam regras para o manejo e que, por fim, viabilizem um trabalho digno e que é realizado na região há quase dois séculos.
Na capital gaúcha, com subsídios da oficina do litoral norte, os participantes do evento puderam, juntamente com os órgãos estaduais de meio ambiente, validar as sugestões propostas para o Plano de Conservação e Uso Sustentável dos Butiazais. Foi decidido que os órgãos licenciadores irão se empenhar em garantir o extrativismo sustentável das folhas e frutos. Também, devido à grave ameaça que esse ecossistema sofre, foi apontada a necessidade de uma moratória que impeça qualquer desmatamento de butiazais na região.
Um dos dados levantados pelo diagnóstico é que, entre os anos de 1978 a 2008, houve uma diminuição de 78% dos remanescentes de butiazal do litoral norte gaúcho. O butiazeiro corre risco de extinção no estado, pois a espécie de butiá que habita a região não existe em outros lugares do Rio Grande do Sul.
“As oficinas foram muito positivas por terem concentrado percepções, pesquisas e informações para a preservação dos butiazais”, avaliaram os membros do Curicaca envolvidos. A compreensão da necessidade de conservação dos butiazais foi geral entre os participantes. O resultado de todo o trabalho vai gerar um Plano de Conservação e Uso capaz de orientar futuras ações relacionadas ao tema.
O programa de Conservação de Butiazais vem sendo mantido pelos esforços do Instituto Curicaca e do Centro de Ecologia da UFRGS e, nos últimos anos, recebeu apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Fundação Luterana de Diaconia. Agrega também esforços de artesãs e extrativistas do município de Torres, de prefeituras da região, da EMATER e do Departamento Estadual de Florestas e Áreas Protegidas – Defap/Sema.
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