Seminário de corredores ecológico quer provocar o Governo
Experiências do Instituto Curicaca com planejamento e gestão de corredores ecológicos no Rio Grande do Sul serão apresentadas no II Seminário do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, que ocorre em Foz do Iguaçu entre os dias 14 e 15 de outubro. A ONG vem trabalhando com essa ferramenta de gestão territorial desde 1999, quando fez o primeiro desenho conectando o Parque Nacional de Aparados da Serra com outras UC localizadas no Mata Atlântica. Desde então, vieram os Microcorredores Ecológicos de Itapeva, o Corredor Ecológico do Cervo-do-Pantanal, o Corredor Ecológico da Quarta Colônia e, nesse momento, o Corredor Ecológico do Parque Estadual do Espinilho, os dois últimos por demanda do projeto RS Biodiversidade.

Cada experiência de planejamento agregou novas ferramentas e estratégias para promover a conectividade entre os alvos de conservação, geralmente áreas protegidas localizadas no território de análise, mas também outros remanescentes importantes de ambientes naturais biodiversos. A metodologia atual prioriza os caminhos com maior chance de manter ou recuperar o fluxo de organismos, mesmo sem conexões estruturais. No caso do cervo-do-pantanal, a estratégia foi de ter esta espécie, criticamente ameaçada no Rio Grande do Sul, funcionado como um alvo guarda-chuva para as áreas úmidas e outras espécies ameaçadas que delas dependem na Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí.
Um desafio que pouco foi vencido ao longo dos anos lidando com o tema é o de políticas públicas de reconhecimento e gestão de corredores ecológicos. Embora em outros momentos essa figura tenha tido maior importância nos projetos do Governo Federal, hoje carecem muito de atenção, bem como as Reservas de Biosfera e os Mosaicos de Áreas Protegidas. Há uma perceptível descrença, que difere das expectativas dos atores que atuam nas pontas, junto às UC e comunidades locais. O seminário, organizado pela Rede Gestora do corredor no âmbito de um projeto conduzido pelo Mater Natura, pretende a troca de experiências e a proposição de diretrizes para uma nova política de corredores, ousando motivar os gestores públicos a retomar a prioridade que o tema merece.