Há um papel de complementaridade das áreas protegidas quando consideramos territórios complexos e o desafio de integrar as diferentes formas de conservação possíveis no âmbito da biosociodiversidade. Foi por isso que o Instituto Curicaca se comprometeu como articulador de diferentes iniciativas no tema dentro do Plano de Ação Nacional para a conservação das Lagoas do Sul – PAN Lagoas do Sul – e, aos poucos, vem avançando na sua realização.
Uma delas trata da proposta de criação de uma Unidade de Conservação na região de Cidreira, Rio Grande do Sul. A medida decorre de uma ação judicial movida pelo Instituto Curicaca em 2009, que cassou a licença de instalação de um parque eólico sobre um rico ambiente de dunas costeiras. O motivo é que para a área estava prevista uma Unidade de Conservação, ação definida na política nacional de Áreas prioritárias para a conservação dos biomas Mata Atlântica e Zona Costeiro-Marinha. Desde então, a ONG vem provocando os órgãos gestores a avançarem na proposta técnica. Em 2018, quase 10 anos depois, finalmente a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Sul – Sema/RS – finalizou um parecer técnico recomendando a criação e os limites (processo nº 1.552-0500/11-1 vol.1 e 2).
No parecer técnico houve subsídios aportados pelo Instituto Curicaca ou buscados junto a Universidades e outras ONGs qualificadas para opnar. O estudo, de alta qualidade, reconheceu a necessidade de protege toda a sequencia de ambientes desde a praia até as lagoas costeiras ao fundo, bem como uma área marinha contendo o Parcel de Cidreira. A medida protegerá espécies da fauna e da flora terrestres ameaçadas de extinção, bem como cetáceos, tartarugas-marinhas, tubarões e arraias também ameaçados. O território escolhido tem forte apelo paisagístico e, quando criada, a UC deverá ser uma oportunidade à economia do turismo sustentável e gerar benefícios sociais e econômicos aos locais.
Outras inciativas de áreas protegidas articuladas pelo Instituto Curicaca estão em curso no PAN, como o reconhecimento do Mosaico Porta de Torres junto à Lagoa de Itapeva, e a retomada da criação do Refúgio da Vida Silvestre da Lagoa do Morro do Forno. O mosaico pretende agregar UCs, terras indígenas e territórios quilombolas, mas sobre esta e outras, aguardem mais notícias.
Comments