A pandemia de Covid-19 trouxe consigo diversos desafios para a nossa sociedade. Além do mais, ergueu muitos questionamentos: como se iniciou esse processo? Quem são os culpados? Como evitar que a situação se repita?
Por estarmos tratando de uma zoonose, é comum que se atribua a culpa aos animais que naturalmente possuem esses microorganismos em seu corpo. Mas será que faz sentido responsabilizar esses animais?
Para começar, há diferenças significativas entre o vírus presente em populações de morcegos e o vírus causador da Covid-19. A resposta desses animais a doenças também é incomum: com um sistema imunológico diferenciado, morcegos apresentam alta resistência a infecções virais, sendo um ótimo modelo de estudo para entender doenças e como combatê-las. No fim das contas, morcegos têm o potencial de nos ajudar a entender esse vírus como poucas outras espécies!
Além disso, esses animais desempenham um papel ecológico muito relevante: auxiliam na dispersão de frutos e sementes, contribuindo para a regeneração de muitas espécies de árvores. Também são importantes polinizadores, sendo responsáveis pela reprodução de muitas espécies de plantas, inclusive as de interesse comercial. Mangueiras, cajueiros e pessegueiros são com frequência polinizadas por morcegos. O agave-azul, matéria prima para a produção de tequila, depende inteiramente da ação desse animal!
Muitos são caçadores vorazes, podendo ingerir milhares de insetos em uma única noite! Visto que há diversas espécies capazes de viver em ambientes urbanos, morcegos podem ter papel importante no controle de doenças transmitidas por insetos, como dengue, malária, chikungunya e zika.
O Instituto Curicaca alerta para o cuidado com o manejo de morcegos em residências e ambientes rurais. Em caso de entrada acidental, a Secretaria de Saúde recomenda a instalação de sistemas de escape-morcego, que permite a saída e impede a reentrada nos abrigos utilizados, sem causar danos ao animal. Mais informações podem ser obtidas pelo número 150 do Disque Vigilância.
Lembrando que a nossa saúde depende da saúde do ambiente e das espécies de animais que ali habitam. Sejamos capazes de viver em harmonia com nossa biodiversidade!
Fontes: Griffin, D. R., Webster, F. A., & Michael, C. R. (1960). The echolocation of flying insects by bats. Animal Behaviour, 8(3-4), 141–154. doi:10.1016/0003-3472(60)90022-1
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