O reforço veio com a realização da oficina de planejamento de conservação do sapinho (Melanophryniscus admirabilis), que aconteceu no dia 29 de setembro, no Centro de Ecologia do Campus do Vale da UFRGS. O admirabilis, como se referem os herpetólogos, é uma espécie endêmica e ameaçada de extinção que tem distribuição restrita a uma pequena área às margens do Rio Forqueta, nos municípios de Arvorezinha e Soledade. A espécie faz parte do Programa de Ação Nacional para Conservação de Répteis e Anfíbios Ameaçados da Região Sul do Brasil (PAN), iniciativa da qual o Instituto Curicaca é parceiro do ICMBio e de outras instituições brasileiras.
Com objetivo de construir algumas estratégias e pelo menos algumas ações fortes envolvendo os parceiros presentes e avançar no planejamento de outras ações, a reunião foi organizada pelo Instituto Curicaca em parceria com o Laboratório de Herpetologia da UFRGS. Foram convidados técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, da Fundação Zoobotânica, da Grupo Espacialista em Anfíbios da União Internacional para a Conservação da Natureza (ASG/IUCN), além de pesquisadores da UFRGS e técnicos do Instituto Curicaca. As discussões contaram ainda com as contribuições do Instituto Boitatá.
Durante o evento, foram avaliadas as ameaças à espécie, elencando-as em ordem de importância, para que fosse possível propor ações para reverter e controlar esses problemas. Estipulou-se a necessidade de uma Unidade de Conservação, que pela visão dos presentes, precisa ser criada pelo ICMBio. A cooperação com os municípios de Arvorezinha e Soledade para controlar e reduzir os impactos ambientais na região também foi outra ação proposta. A ameaça considerada mais importante pelos presentes na reunião foi a perda e alteração de habitat da espécie. Para ela, além da cooperação com os municípios, ficou definida uma cooperação prioritária com o Departamento Estadual de Florestas e Áreas Protegidas para priorizar a região na implementação do CAR (Cadastro Ambiental Rural); e fazer uma avaliação ecológica rápida para subsidiar a proposta de criação de uma unidade de conservação. Para o problema da contaminação por agroquímicos, considerado o segundo mais importante, foi definido um conjunto de pesquisas a serem realizadas pelo Laboratório de Herpetologia, incluindo um levantamento de dados sobre a qualidade da água, para que a ameaça possa ser entendida de forma mais clara.
“Espécies endêmicas e populações criticamente ameaçadas necessitam de planejamento estratégico capaz de compreender claramente as ameaças e propor ações práticas e institucionalmente comprometidas para que a conservação possa ser eficaz”, afirma Alexandre Krob. Foi o que aconteceu. Os participantes da oficina saíram motivados e cheios de compromissos com as ações planejadas. Um Grupo de Trabalho multi-institucional foi formado para conduzir o processo. Os resultados da oficina serão levados pelo Núcleo de Conservação de Répteis e Anfíbios do Instituto Curicaca (NuCAR) à oficina de monitoramento do PAN Sul, que acontecerá nos dias 23 e 24 de outubro, em Florianópolis.
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