O novo projeto do Instituto Curicaca com o apoio da Fundação Grupo Boticário tem por objetivo dar mais visibilidade ao cervo-do-pantanal, espécie criticamente ameaçada no estado. Trata-se de uma iniciativa do Programa de Conservação do Cervo do Pantanal no Rio Grande do Sul (PROCERVO) no campo das pesquisas, que busca conhecer detalhes sobre a população relictual que habita a Bacia do Gravataí. Está sob o abrigo da estratégia institucional de transformar conhecimentos em ações práticas de conservação, que também abrangem os banhados e outros de seus habitantes, já que o cervo é uma espécie guarda-chuva.
Sob a coordenação do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Andreas Kindel, o projeto teve seu início no começo desse ano e tem previsão para durar por, pelo menos, dois anos. Dentre as ações a serem desenvolvidas, a avaliação genética da espécie é tida como primordial para traçar os planos de conservação, já que será através dela que os pesquisadores terão noção da história do cervo-do-pantanal, o seu grau de fragilidade, além de poder estimar qual o potencial de variabilidade genética da espécie. Além disso, a contagem dos animais será realizada por meio do sobrevoo e imageamento com veículo aéreo não tripulado, um Drone.
Os cervos-do-pantanal não são atraídos por iscas e são bastante tímidos na interação com humanos. Se por um lado, essa característica lhes permitiu sobreviver em meio a tantas ameaças, por outro, dificulta as pesquisas. Por isso, é necessário desenvolver métodos não invasivos, ou seja, que permitem acessar informações da população sem ter contato direto com os indivíduos, como a coleta de fezes e de pelos. A bióloga Caroline Diegues, do Instituto Curicaca, está desenvolvendo seu mestrado no tema.
O ambiente onde ainda podemos encontrar o cervo é de difícil acesso e desenvolver metodologias de monitoramento que possam contorna esse problema é um desafio ao grupo. Por isso, o biólogo Ismael Brack, do Instituto Curicaca, está testando o uso de Drone. Um pequeno avião é programado para sobrevoar a área de interesse tendo uma câmera acoplada. A pilotagem, que exige bastante nas decolagens e pousos, só pode ser feita com breve autorização de diversos órgãos de controle da aviação civil.
O PROCERVO
Percebemos a necessidade de criar um programa que se direcionasse a preservação do cervo do pantanal, maior cervídeo da América do Sul, pelo fato de a população do animal no RS se limitar a uma dezena. Diante dessa perspectiva alarmante foi criado o PROCERVO, um programa permanente, com estratégias que visam impedir o desaparecimento do cervo no estado.
A pequena população que vive no Estado encontra-se na bacia do Rio Gravataí e ocupa, principalmente, o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pacheco e a APA do Banhado Grande e é considerada criticamente em perigo no Livro Vermelho do RS e uma espécie vulnerável nacional (IBAMA) e internacionalmente (IUCN).
Para reverter a situação dos cervos do pantanal, o PROCERVO promove ações de proteção direta da biodiversidade, com pesquisa e monitoramento, controle ambiental, implantação das unidades de conservação e de corredores ecológicos. Além disso, preza pelo desenvolvimento sustentável e pela educação ambiental com qualificação de professores, atividades sensibilizadoras com alunos das escolas da região e a comunidade, trocas de saberes sobre o patrimônio cultural associado à natureza.
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