O aniversário da catástrofe climática no RS nos provoca a lembrar, refletir e melhorar a mitigação e a adaptação
- institutocuricaca

- 28 de mai.
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As chuvas tiveram início entre 26 e 27 de abril de 2024, e o desastre se desenrolou maio adentro, resultando em 184 mortos, 25 desaparecidos, mais de 600 mil que tiveram que sair de suas casas, imensuráveis prejuízos financeiros e outras consequências que percebemos até hoje.

Nós do Curicaca não medimos esforços e atuamos em diversas frentes: resgate de pessoas e animais, apoio às vítimas nos abrigos, coleta de doações e triagem, apoio direto aos indígenas, realização oficinas de educação ambiental, articulação entre instituições, construção de conhecimento, divulgação de informações sobre o desastre… mas o trabalho não terminou. Assim que a crise diminuiu, retomamos nossas ações de mitigação e incidência nas políticas públicas sobre o tema.
O fechamento de um ano não pode passar despercebido. Somente com a memória presente podemos evitar novas crises. As causas desses acontecimentos devem ser o foco da mitigação, como o uso e ocupação das áreas de preservação permanente - APP -, as margens dos corpos hídricos, encostas e banhados, que impede a capacidade natural da vegetação de conter e absorver as inundações, e por lei devem ser protegidas e restauradas.
Muito se fala em restauração e é de fato parte da solução, mas as políticas de conservação ainda falham e não há como compensar em curto e médio prazo os serviços ecossistêmicos perdidos com o desmatamento. Uma floresta madura ou em bom estado de conservação e as funções ecológicas e sociais que oferecem só serão recuperadas de décadas por novos plantios ou recuperações naturais induzidas.
O Curicaca tem lugar de fala no tema. Há anos temos monitorado e denunciado desmatamentos ilegais em duas áreas piloto que estão nas cabeceiras de onde as águas escorrem para o Delta do Jacuí e junto ao Rio Uruguai. Hoje são mais de 500 processos que denunciamos junto à Sema-RS e ao Ministério Público, cuja evolução acompanhamos. Estamos detectando e sistematizando diversas necessidades de aperfeiçoamento que devem contribuir para minimizar outro cenário catastrófico. Não há tempo a perder.


