Refúgio dos Pachecos, de luto por morte de cervo, discute uso público
Ocorreu, no início de junho, uma oficina para discutir o uso público no Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos. A iniciativa faz parte do Plano de Manejo, que vem sendo conduzido com o Conselho da Unidade de Conservação (UC). Realizada de forma ampla, a reunião contou com a participação de representantes dos assentados, de associações comunitárias de Águas Claras, da Secretaria de Turismo de Viamão, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, da ONG Instituto Curicaca e de técnicos da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema). Os subsídios utilizados foram as definições de reuniões anteriores e um questionário enviado pelos gestores aos participantes da oficina.

A principal questão pautada no encontro foi se o uso público seria focado na visitação para a educação ambiental ou se incluiria serviços e atividades para turistas. O Curicaca procurou compartilhar com o grupo sua experiência com planejamento de uso público em UCs, recentemente ampliada com o trabalho realizado no Parque Estadual de Itapeva. Sugerimos que, em vez de detalhar as possibilidades de atividades, fossem debatidas visões para definir uma identidade para o uso público pretendido. Dessa maneira, os participantes conseguiram construir uma missão: que o Refúgio faça parte de um conjunto maior de iniciativas de turismo sustentável da região.
Uma questão que tomou bastante tempo foi o uso da “Barraginha”, uma antiga saibreira, localizada na porção norte do Refúgio, com uma barragem pequena e um lago associado. Hoje a área é utilizada principalmente nos finais de semana do verão como balneário dos assentados da Reforma Agrária, agricultores sem terra que foram realocadas para a região. Entretanto, o uso é conflitante com os interesses da UC, e manter da maneira que está demandaria um alto investimento de gestão, enquanto fechar a área para recuperação ambiental exigiria forte controle. A decisão tomada foi de fechar o espaço. Mesmo decidindo que o uso público do Refúgio se volte para a visitação educativa de instituições de ensino, não ficaria impossibilitado que, no futuro, possam ser instaladas trilhas de ecoturismo e de observação de aves em locais apropriados e devidamente planejados dentro do Refúgio.
Caça de fêmea de cervo-do-pantanal causa baixa significativa na população restante da espécie
Conforme relato de agricultor, ocorreu, no mês passado, a caça de uma fêmea de cervo-do-pantanal no entorno imediato da Unidade de Conservação. Há a possibilidade de um macho da espécie também ter sido ferido. Como não poderia deixar de ser, o ocorrido provocou tensão quanto a compatibilidade do uso público com as outras demandas prioritárias de gestão. Para a equipe do Curicaca, o uso público, seja educativo ou de turismo, precisa ser executado por parceiros e não pela equipe do Parque. “Quando se trabalha com cobertor curto, colocar foco em atividades complementares significa deixar de lado outras que são vitais. "A baixa sofrida na pequena população remanescente de cervo-do-pantanal tem um pouco a ver com isso”, alerta o coordenador técnico do Instituto Curicaca, Alexandre Krob. “A fiscalização e o controle ambiental são uma atribuição legal da Sema e de seus servidores, enquanto educação ambiental é uma atividade complementar, cuja atribuição legal está com os Sistemas Estadual e Municipal de Ensino: escolas, professores e Secretaria. Trata-se de um eixo importante, com certeza, mas que em meio a escassez deve funcionar em parceria sem roubar tempo demais dos gestores”.
