Quais as melhores medidas para conservar o sapinho-admirável? Intensificar as ações de proteção? Apoiar a comunidade na implantação de práticas produtivas sustentáveis diminuindo os riscos? Um pouco de cada com pitadas de educação ambiental e pesquisas focadas nas ameaças? Parte das respostas será obtida com estudos de campo para uma avaliação da região onde a espécie endêmica e criticamente ameaçada se encontra.
A equipe do Instituto Curicaca realizou no mês de agosto uma saída para preparar a “AcadeBioblitz”, que acontecerá em outubro e novembro. Numa parceria com o Instituto de Biociências da UFRGS, a FZB e num projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário, professores, alunos, técnicos e pesquisadores vão rodar a região gravando e fotografando as espécies de fauna e flora que habitam as mesmas áreas do sapinho.
Na saída preparatória, a equipe do Curicaca conheceu mais amplamente o território e definiu alguns dos pontos de amostragem que serão visitados pelos alunos. Drones foram empregados no sobrevoo da região, fornecendo imagens para a análise das melhores áreas (como lajedos e grandes maciços de florestas e campos nativos) e facilitando a chegada aos acessos. Parte dos estudos vão ocorrer no Perau do Janeiro - único local com registros conhecidos do sapinho, mas outras áreas chamaram a atenção, como o Perau do Facão, local de grande exuberância cênica, com duas belas cachoeiras e que pode abrigar também uma grande riqueza biológica.
O que é uma AcadeBioblitz?
O termo foi criado pelo prof. Andreas Kindel, da UFRGS, para denominar a adaptação que será feita da Bioblitz, método de levantamento rápido da biodiversidade, cujo objetivo é cobrir uma grande área de amostragem empregando pessoas leigasque podem usar seus smartphones para realizar registros de espécies, por exemplo. Nesse caso, o esforço será feito por alunos e professores do curso de Biologia da UFRGS, com a participação de três disciplinas - Herpetologia; Mastozoologia e Ornitologia; Ictiologia. Como o grupo de alunos do curso de biologia já possue conhecimentos prévios e estarão orientados por professores e monitores, vem daí a qualificação Acadêmica na adaptação do método e do termo. Outros benefícios são uma maior integração do projeto à comunidade acadêmica, a otimização dos resultados da pesquisa e a contribuição direta dos estudantes na conservação da biodiversidade.
O território a ser estudado integra áreas particulares. Houve todo um cuidado prévio contatando os donos das propriedades para explicar as finalidades do projeto e pedir permissão para as turmas realizarem a amostragem. A comunidade, que já está acostumada com os pesquisadores do sapinho, foi receptiva e simpática, como sempre. No Perau do Facão, por exemplo, há uma grande expectativa de proprietários em que o turismo venha a se instalar como uma atividade importante de complementação da renda vinda da agricultura.
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