O bioma Pampa saiu do anonimato e vão surgindo mais e mais ações para a valorização da cultura, da biodiversidade e da sociodiversidade da região. O apelido “metade sul”, graças a isso, vai ficando distante. As instituições e a sociedade gaúcha assumem plena responsabilidade por um local que lhes é precioso e exclusivo dentro da riqueza brasileira. Essa visão otimista, entretanto, precisa ser acompanhada de perto, já que nessa “tropa de gado gordo” podem estar mascarados alguns graves problemas.
A Unidade de Conservação está praticamente abandonada, sem gestor nem guarda-parques e invadida por caçadores. Desilusões e frustrações com a implantação do Parque tomaram conta da comunidade de Barra do Quaraí, município sede, e o medo domina os proprietários vizinhos, que têm no gado roubado (abigeato) seu maior problema.
Não adianta um corredor ecológico para o Parque se ele em si não cumpre corretamente com suas funções. A implantação de corredores depende da cooperação com os moradores, mas cooperar significa cada um fazer a sua parte. O roubo de gado tem sido o principal responsável pela instabilidade da pecuária na região, atividade econômica que precisa ser estimulada, por ajudar na conservação do campo nativo, das matas de espinilho, algarrobo e inhanduvá, enfim, ser o principal parceiro do corredor. Só que a toda hora são encontradas dentro do Parque carcaças de vacas roubadas das propriedades vizinhas.
O prejuízo do abigeato é imenso e muitos estão deixando de criar gado para converter o campo nativo do nosso Bioma Pampa em lavoura de arroz.
Como pode o Parque estar tão esquecido e neglicenciado pela Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável? Como pode o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não se empenhar no combater do abigeato, que assola as propriedades vizinhas ao Parque e tanto prejudica a economia regional? Por que a Prefeitura Municipal de Quaraí não se empenha em buscar uma solução para tudo isso, em controlar o comércio ilegal de carne roubada e sem controle sanitário?
As Unidades de Conservação da natureza são um local especialmente escolhido pela sua riqueza em biodiversidade, sua importância para os serviços ambientais, sua exclusividade como patrimônio de um Estado e de uma Nação. Seu entorno deve ser prioritários para ações de desenvolvimento regional sustentável e para o exercício prático da solução para problemas sociais, econômicos, ambientais e políticos servindo de aprendizado, de referência para outras áreas, mostrando que assim o é possível. Isso é o que precisamos do Governo Estadual e dos Municípios. Estamos compromissados com essa demanda.
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