Buscando conhecer cada vez mais esse bem cultural, o Curicaca está trabalhando com as artesãs com palha de butiá do Litoral Norte para o registro dessa atividade, bem como da história artesanal da comunidade e seu significado para as pessoas. Boa parte desses saberes já estão registrados no site "Artes do Butiá e Outras Fibras", que vem sendo atualizado com mais informações por meio do apoio do Fundo Estadual de Cultura. Novas entrevistas com os portadores estão sendo feitas e a rede de diálogos de salvaguarda se fortalece.
A atividade, passada de geração em geração, como qualquer processo cultural recebeu algumas transformações, mas mantém claramente os vínculos com sua origem no passado da região de Torres, evocadas na memória das transmissões entre gerações.
Muitas artesãs relembram a época dos engenhos de "clina", em que o homem era o principal provedor da família, e contam que várias mulheres, suas mães, avós e bisavós, já produziam chapéus e outros produtos com a palha para trocar por produtos de seu interesse e alcançar uma autonomia econômica. Esse escambo acontecia nos mercadinhos locais. Quando os engenhos de "clina" e o uso da palha como estofaria entraram em declínio, foram os saberes dessas mulheres – o de produzir artesanato – que passaram a ter um forte papel no sustento da família.
Trabalhar com a palha de butiá teve, entre outros sentidos, também um significado importante na união das famílias, na transmissão de valores para os filhos e como momento lúdico e de socialização. Tudo isso tem sido compartilhado e reafirmado nesse novo conjunto de entrevistas.
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