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Solturas de animais silvestres pelo Ibama/RS parecem estar cercadas de descuidos fatais

Foto do escritor: institutocuricacainstitutocuricaca

O Instituto Curicaca vem denunciando já há algum tempo irregularidades na soltura de animais silvestres praticadas pelo Ibama do Rio Grande do Sul. A situação levou à abertura de averiguação pelo Ministério Público Federal de Caxias do Sul, devido à soltura de micos-pregos em Canela e que foram a óbito em sua maioria, alguns deles atropelados, conforme demonstrou estudo de monitoramento parcial feito por universidade.


Recentemente, outra investigação foi iniciada no Ministério Público Federal de Porto Alegre, decorrente da soltura de animais retirados do Centro de Triagem de Animais Silvestres - CETAS - do Zoológico de Sapucaia que, dois dias depois, foram recapturados com fome e a beira da morte junto à Rota do Sol, tendo sido devolvidos ao Zoo. Estes que estavam morrendo tinham anilhas do Ibama (RS), que admitiu a soltura e alegou que os animais não deveriam ter sido recolhidos, mas deixados para que se adaptassem.


Foto: Gab. Dep. Regina Becker

A Dra. Anelise Steigleder, promotora do Ministério Público do Rio Grande do Sul disse que irá acompanhar de perto para que as normas sejam cumpridas, até porque, "há denúncias de que essas normas não vem sendo respeitadas". De fato e mais ainda. Uma outra denúncia envolvendo o tema já havia sido feita pelo Instituto Curicaca ao Ministério Público Estadual, tratando do desmonte feito pela Sema/RS no seu Setor de Fauna. Isso iniciou quando diversos especialistas foram dispensados no final de contrato temporário sem a reposição num nível semelhante de qualidade. Nesse caso, a Secretaria decidiu "tapar o sol com a peneira" e, em resposta à pressão do Curicaca, foi alocando no setor uma série de técnicos que estavam "sobrando" por lá, pra fazerem número. Infelizmente, isso acalmou os ânimos, mas não impediu os problemas.


As consequências desastrosas do desmonte, ou pelo menos a que aparece em meio a tantas outras que não são tão facilmente perceptíveis, é o modo como foi permitida a transferência para o CETAS do Ibama de uma série de animais silvestres que estavam no CETAS do Zoo. Os técnicos do Setor de Fauna deveriam ter verificado a incapacidade do CETAS do Ibama em receber e manter esses animais. O que está acontecendo? Bem, parte pode ser lido na notícia da equipe da Dep. Regina Becker Fortunati. O CETAS do Ibama está servindo apenas de passagem para que os animais sejam imediatamente soltos na natureza, mas sem as condições necessárias para tal, correndo risco de vida e de causar prejuízo a outros animais silvestre que vivem nas áreas de soltura. Há aqui culpa pelo ato e pela omissão.



Foto: Gab. Dep. Regina Becker

É preciso esclarecer os leigos que podem, ingenuamente, pensar que sempre é ótimo que os bichinhos sejam devolvidos à natureza. Pelo menos, essa é a propaganda que se faz nos programas de televisão. Mal sabem, que o sucesso dessa "boa intenção" depende, e depende muito, que seja respeitada uma série de determinações existentes em Instrução Normativa, o que o Ibama/RS vem descuidando. A Dep. Regina Becker foi no ponto: “Sabemos que esses animais não são passíveis de serem reintroduzidos na natureza, foram resgatados há muito tempo e não irão conseguir sobreviver sozinhos. Os graxains são mais mansos do que cachorros. Os macacos-prego são furiosos, além de não sobreviverem, no stress de um ambiente hostil e com a falta de alimento, podem atacar pessoas”.


Para entenderem melhor e poderem avaliar, imaginem a seguinte cena: "Um lindo e amado golfinho chega vivo à beira da praia em um um local cheio de jet-sky fazendo correrias e piruetas. Ela só parece cansado. As pessoas juntam-se a sua volta e, rapidamente, decidem colocá-lo de volta na água, mas preferem soltá-lo na lagoa que fica atrás, onde não há o risco de ser atropelado. Soltam o animal e ele sai nadando e desaparece, demonstrando que deu certo. Todos comemoram, alguns choram e se abraçam, e voltam para casa com o coração desafogado pela boa ação do resgate e soltura. A noite, o golfinho com graves problemas metabólicos por ter sido retirado da água salgada e colocado na água "doce", que ele não suporta, busca uma margem deserta do outro lado da lago e morre abandonado. Ninguém fica sabendo, mas todos estão felizes". Por isso existe uma Instrução Normativa para ser seguida. Nem tudo que imaginamos acontece!

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