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Conexão entre arte contemporânea e patrimônio imaterial compõem livro do projeto C.O.N.T.A.S.

Foi lançado o livro-catálogo C.O.N.T.A.S, organizado pela artista Paola Zordan, que teve a coordenadora de educação e cultura do Instituto Curicaca, Patrícia Bohrer, dentre os coautores. Patrícia fala aqui sobre a aproximação entre o projeto e o trabalho das artesãs com a palha de butiá.



No que consiste a publicação C.O.N.T.A.S?

O livro é resultado de articulações próximas do acaso, por sincronicidades estéticas, afetivas, temáticas e ideológicas entre artistas e pesquisadores, envolvendo  instituições e pessoas que se aproximaram da proposta. O ponto de partida é o projeto e a mostra de mesmo nome que consiste na construção de um só fio de contas que cresce pela ação da artista Paola ou de oficinas no qual as pessoas sentam juntas para produzi-lo e contar suas histórias.


Como se deu a aproximação entre o artesanato da palha de butiá e o C.O.N.T.A.S?

Me aproximei do projeto na Vigília de 8 de março de 2021, uma ação de 24 horas on-line em prol da vida das mulheres. Na mesma tela, simultaneamente, sem combinarmos nada, enquanto Paola colocava contas no seu segmento de fio contínuo, eu usava um outro cordão de contas, o japamala, para marcar os 108 nomes de mulheres vítimas de feminicídio. Mais tarde, foi a dimensão de encontro que as Oficinas de Contação proporcionam que associei ao trabalho das artesãs da palha de butiá conduzido pelo Curicaca. Aqui, desde muitos anos, a linha que sustenta as conversas no serão não é o fio de contas, mas a trança de palha, peça básica que dá origem aos chapéus, bolsas e tapetes. Sentadas em roda, as artesãs compartilham seu fazer e suas vidas em um espaço de autonomia e confiança.


Que reflexões essas experiências lançam para a sociedade?

O que une a proposta artística do C.O.N.T.A.S. ao artesanato com a palha de butiá é o ato poético que fazia parte da vida de muitas mulheres e foi apagado pelas urgências da vida. É o espaço da palavra que transforma. Contar é partilhar experiências, estar junto. Ouvindo a própria voz e a do outro, enquanto as mãos trabalham, descobrimos quem somos, o que nos afeta e o que nos falta. Esse trabalho micropolítico faz parte das ações socioambientais e também do campo da arte, sem separação.

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