MapBiomas não consegue medir a conversão de campos nativos e brecha é usada para divulgar informações incorretas sobre a conservação do Pampa
- institutocuricaca

- 3 de jul.
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A redução do desmatamento no Pampa em 2024 divulgada pelo MapBiomas apresenta um viés florestal e não traduz a realidade da vegetação nativa no bioma. Esse estudo tem algumas limitações, que no Pampa é bastante grave, pois não informa a perda da vegetação campestre. As mídias oficiais e os grandes jornais divulgaram uma versão positiva, que por ser incompleta, acaba não sendo verdadeira.

Segundo o próprio MapBiomas, “a detecção da supressão de vegetação não florestal, como a vegetação campestre, por exemplo, tem limitações nos sistemas originadores dos alertas, cujos métodos têm como foco identificar onde houve supressão da vegetação florestal. Somente quando também ocorre supressão de vegetação não florestal na área do alerta ou em área adjacente, o uso das imagens de alta resolução permite o seu registro durante a fase de refinamento do alerta, o que leva a uma detecção casua lde boa parte dos desmatamentos em vegetação não lenhosa. Os sistemas atuais de detecção ainda subestimam a supressão de vegetação nativa não florestal”. Tudo isso está explícito na Nota Explicativa “Desmatamento no bioma Pampa Relatório Anual do Desmatamento - RAD 2023”, facilmente acessível aos jornalistas.
Ficamos contentes com a redução da supressão de florestas no Pampa anunciada pelo RAD 2024 do MapBiomas, mas quando 12,2% do bioma são florestas e 31,3% são campos naturais, o principal tema no Pampa são os campos. A conversão de campos naturais para atividades agrícolas continua alarmante. Entre 1985 e 2023 o Pampa perdeu 3,5 milhões de hectares de campos nativos.
É preciso contrapor as conclusões divulgadas de forma precipitada e incompleta. A situação no Pampa é grave e exige muita atenção dos órgãos de fiscalização e controle ambiental estaduais, federais e municipais. É importante que o MapBiomas explicite a cada RAD, como fez em 2023, que as informações não podem ser usadas para medir a conservação dos ambientes não florestais do Pampa. Sem isso, é possível convenientemente atribuir-se uma conservação no Pampa, que ainda é rara.


